sexta-feira, 29 de junho de 2012

Já não resta muita coisa além mim


Comecei a me permiti sofrer, deixei de ser incompreendida e passei a ser esquecida. Chorei sozinha, dentro do banheiro, debaixo do travesseiro, embaixo do pé de acerola do meu quintal, não incomodei ninguém com nenhuma ligação de madrugada, não importunei nem se quer o motivo das minhas lágrimas, não bebi e depois liguei pra ele me buscar, não quis mais ser aquele fardo que ele precisava carregar de volta pra casa. Não fiz nada, permaneci sozinha no meio de tantos livros e lâminas das quais eu nunca mais encostei à minha pele e eu não precisei de ninguém pra parar, é eu parei sozinha e ninguém percebeu. Não precisei mais de todas aquelas criticas de pessoas ignorantes que não entendiam nada da minha dor.
Tens me acontecido tantas coisas que há dias que eu sinto como se todos os órgãos do meu corpo quisessem sair ao mesmo tempo pela minha boca, e é sozinha entre todos os meus livros velhos e toda a bagunça do meu quarto que eu me encontro. Isso de me isolar de tudo que é considerado humano começou quando eu aprendi que eu sou a unica pessoa incapaz de me magoar, entendi que ninguém mais acredita em mim, confesso que eu também quase não acredito, mas as vezes fico surpresa quando vejo-me tentando não cair, me apoiando no meu próprio ombro. Eu sou a unica pessoa capaz de cumprir todas as promessas que já me fiz, porque apesar de todas as minhas crises existenciais e de todos esses anos sentindo pena de mim mesma eu percebi que eu ainda me importo. Eu mudei tanto e mais uma vez eu fui a unica que percebeu.

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